Uma operação policial contra um suposto esquema de monopólio no setor funerário em Santa Catarina tomou um rumo inesperado com a descoberta de uma ossada humana na residência de um dos investigados. A Operação Cortejo, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), foi realizada nos dias 27 e 28 de novembro em Chapecó e Nova Erechim, no oeste catarinense.
As autoridades cumpriram 14 mandados de busca e apreensão em empresas e residências, resultando na prisão de quatro pessoas. Dois empresários do setor funerário foram detidos preventivamente, enquanto outras duas prisões ocorreram em flagrante - uma delas na casa onde a ossada foi encontrada no forro, e outra por porte ilegal de arma de fogo.
Segundo o GAECO, a investigação apura a formação de uma aliança ilegal para controlar a oferta de serviços funerários em Chapecó, a maior cidade da região. Os suspeitos são acusados de usar extorsão e armas de fogo para eliminar a concorrência e impedir a entrada de novos prestadores de serviços na área.
"De acordo com a apuração, os investigados - todos empresários - estariam adotando condutas graves e violentas, envolvendo extorsão e o emprego de armas de fogo, com o objetivo de eliminar a concorrência, inclusive impedindo ou dificultando a entrada de novos interessados em prestar serviços funerários na cidade de Chapecó, além de controlar os preços do setor, por meio da formação de alianças e monopólio de mercado", informou o GAECO em comunicado.
Durante as buscas, os agentes apreenderam dinheiro, armas de fogo e munições. A investigação abrange crimes contra a ordem econômica, extorsão mediante uso de armas de fogo e em concurso de agentes, porte ilegal de arma de fogo e organização criminosa.
O GAECO ressaltou que a operação visa garantir a prestação de serviços funerários adequados e manter a competitividade no setor. As autoridades alertaram que monopólios nessa área podem resultar na exploração da vulnerabilidade emocional e financeira de famílias enlutadas.
"A falta de concorrência no setor pode resultar em preços elevados e serviços de menor qualidade, agravando o sofrimento das famílias enlutadas", explicou um porta-voz do GAECO.
Operação Cortejo: dinheiro e arma de fogo apreendidas durante diligências — Foto: MPSC/Reprodução
A origem e a identidade dos restos mortais encontrados estão sendo investigadas. Os nomes dos empresários presos não foram divulgados, mas o GAECO confirmou que ambos atuam no setor funerário e buscavam o domínio regionalizado do mercado por meio do controle de preços.
O GAECO, força-tarefa composta pelo Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal, Receita Estadual e Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, continua a investigação. Novos desdobramentos são esperados nos próximos dias, enquanto as autoridades aprofundam a análise das evidências coletadas durante a Operação Cortejo.