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Câmara aprova projeto que prevê medidas para assegurar o convívio de crianças com a natureza

Proposta será enviada ao Senado

Câmara aprova projeto que prevê medidas para assegurar o convívio de crianças com a natureza
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Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Natalia Bonavides, relatora do projeto

A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que estabelece princípios e diretrizes para a formulação e implementação de políticas públicas destinadas a garantir o direito de crianças e adolescentes à natureza. A proposta será enviada ao Senado.

De autoria da deputada Laura Carneiro (PSD-RJ), o Projeto de Lei 2225/24 foi aprovado nesta quarta-feira (15) na forma de um substitutivo da relatora, deputada Natália Bonavides (PT-RN).

Segundo o texto, o poder público deve assegurar que os direitos de crianças e adolescentes sejam especificamente considerados nas políticas públicas de desenvolvimento urbano. Deverá haver, inclusive, participação desse público por meio de procedimentos adequados às diferentes faixas etárias.

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Assim, devem ser levadas em conta demandas como:

necessidades de crianças e adolescentes no uso do espaço urbano; prioridade de equipamentos para brincar em áreas como parques, bibliotecas, praças e calçadas; e criação de sistemas de alerta e rotas de fuga de fácil compreensão para essa faixa etária acessar na ocorrência de eventos climáticos extremos.

O planejamento urbano terá ainda de realizar pesquisas para identificar onde ocorre o maior número de deslocamentos a pé e por bicicleta de crianças e adolescentes, a fim de priorizar melhorias nesses pontos relacionados à sua segurança e permanência.

Visão estratégica Natália Bonavides afirmou que a proposta demonstra visão estratégica e compromisso com o futuro do país, ao reconhecer que garantir o direito de crianças e adolescentes à natureza é investir em saúde, educação e cidadania ambiental.

"A convivência com a natureza fortalece o senso de pertencimento e responsabilidade socioambiental, valores indispensáveis para a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a preservação do planeta", disse a relatora.

Segundo ela, o projeto pode ser apelidado de ECA Ambiental, em referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

Natália Bonavides afirmou que o projeto também integra os conceitos constitucionais do direito ao meio ambiente equilibrado e da prioridade à proteção de crianças e adolescentes. "A perspectiva de proteção integral deve ser observada em cada coisa a ser feita que se relacione com o meio ambiente", declarou.

A deputada explicou que diversos estudos demonstram que o contato com o meio ambiente natural contribui significativamente para o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo das crianças, promovendo saúde mental, empatia, criatividade e consciência ecológica. "Teve uma coisa muito bonita no processo de discussão [do texto], que foi a participação de crianças podendo falar sobre como a mudança do clima afetava sua vida concreta."

Espaços naturalizados O projeto estabelece que a União, os estados e os municípios deverão viabilizar e estimular a criação de espaços de brincar naturalizados em locais públicos e privados onde haja circulação de crianças e adolescentes, inclusive com a presença de elementos naturais e culturais dos territórios.

Terão de promover também programas de visitação desse público e de sua família e escolas a áreas protegidas, unidades de conservação e áreas verdes e azuis (ecossistemas aquáticos).

Educação e natureza No âmbito de sua competência, os governos federal, estaduais e municipais deverão estimular, na rede de ensino, a adoção da educação baseada na natureza.

A educação baseada na natureza é definida pelo texto como a convergência da educação ambiental e climática com estratégias de educação que estimulem o acesso e o vínculo à natureza.

Além disso, prevê medidas de resiliência climática, promoção da biodiversidade e valorização da interdependência de todas as formas de vida.

Como exemplos de ações e projetos, o projeto cita:

o contato dos estudantes com a natureza; a promoção de espaço escolar adaptado às mudanças climáticas e à sustentabilidade socioambiental; a promoção de espaços naturais no entorno escolar; e a priorização das escolas no recebimento de soluções de políticas de adaptação e mitigação climática.

Espaço escolar Entre as diretrizes para a promoção do espaço escolar adequado destacam-se:

valorização da vegetação local e espécies nativas, frutíferas ou não, e plantio e criação de hortas e jardins com os estudantes; incentivo ao manejo integrado das águas, com o uso de soluções naturais; prioridade para superfícies naturais que absorvem água e diminuem o calor, como terra ou grama; promoção de áreas de sombra para promover conforto térmico no microclima da escola e seu entorno; e valorização de brinquedos e mobiliários desenvolvidos a partir de elementos naturais.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Deputados aprovaram o projeto em sessão do Plenário

Ação popular Os deputados aprovaram mudança sugerida pelo Novo para retirar do texto a possibilidade de crianças e adolescentes abaixo de 16 anos proporem ação popular por ato lesivo contra o meio ambiente. "Instrumentalizar a criança, usar a criança para fazer uma ação judicial pode? Isso não faz sentido nenhum. Se os pais têm legitimidade de propor, por que colocar a criança?", questionou o deputado Gilson Marques (Novo-SC).

A deputada Soraya Santos (PL-RJ) disse que não faz sentido prático permitir a uma criança propor esse tipo de ação, já que qualquer adulto pode propô-la. "[A criança] não tem nem compreensão de ato lesivo ao meio ambiente", afirmou.

Já a relatora, Natália Bonavides, defendeu a medida que acabou excluída do texto, pois, segundo ela, atenderia direitos da infância desprotegidos. "É um artigo simples que amplia a forma de perseguir os direitos previstos na Constituição e na lei", afirmou.

Ela destacou que crianças já são sujeitos de ações de pensão alimentícia, por exemplo.

Críticas Durante o debate em Plenário, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) criticou a proposta por aumentar despesas para estados e municípios. "Este projeto é utópico e quebra o pacto federativo. Isso é matéria municipal", afirmou.

Segundo ele, a proposta é inviável, e os prefeitos serão processados pelo seu não cumprimento.

O deputado Eli Borges (PL-TO) afirmou que a proposta quer fazer das crianças um caminho "para perpetuar doutrinações de diversas vertentes".

Para o deputado Gilson Marques (Novo-SC), o projeto é a legalização da mentira e da promessa vazia. "Não podemos prometer algo que é impossível, que custa caro", disse.

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Fonte/Créditos: Agência Câmara Notícias

Créditos (Imagem de capa): Bruno Spada/Câmara dos Deputados

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