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Por quase seis meses, o corpo de Maria Auxiliadora de Andrade Santos, de 75 anos, foi mantido em casa por sua filha. A mulher, 50, tentava ressuscitar a mãe através de orações. O caso aconteceu em um apartamento do bairro Vila da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e foi descoberto no dia 7 de setembro, quando a filha acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), relatando mal-estar e dores no peito.

No local, os agentes perceberam que a mulher já apresentava melhora, mas sentiram um forte odor vindo de um dos quartos da residência. Ao acessarem o cômodo, encontraram o cadáver em decomposição, que foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) do Centro do Rio.

Em depoimento, a filha afirmou que Maria Auxiliadora faleceu em 28 de março. Evangélica e farmacêutica, segundo os vizinhos, ela vinha orando fervorosamente, muitas vezes ao longo da madrugada.

De acordo com O Globo, os moradores do prédio a escutavam gritar palavras desconexas.

“No início era de manhã cedo, a gente ouvia ela fazendo orações em um tom de voz alto. Conforme os dias foram passando, foi aumentando tanto a frequência quanto o volume do clamor dela. Até que, no final de julho, ela gritava orações confusas, que não dava para entender exatamente o que era dito, durante as madrugadas inteiras. O nosso prédio só tem onze apartamentos e a maioria dos moradores são pessoas idosas, então acabou virando um problema e até uma preocupação”, relatou um vizinho que preferiu não se identificar.

Apesar do cheiro intenso citado pela equipe do Samu, os moradores disseram que não notaram nada antes da descoberta do corpo, e que o apartamento onde viviam as duas passou a ficar constantemente fechado.

A Polícia Civil investiga o caso, que está sob responsabilidade da 27ª DP (Vicente de Carvalho). Como não há indícios de envolvimento da filha na morte, ela foi ouvida e segue em liberdade enquanto as investigações continuam.